Zezinho, o dono da Porquinha Preta é uma novela infantojuvenil do escritor mineiro Jair
Vitória. Nesse livro Jair narra as aventuras de um menino do campo, Zezinho, na
sua luta para impedir que seu pai, um homem rústico e turrão, venda sua
porquinha de estimação para um dos lavradores vizinhos.
Jair Vitória é um escritor
que cresceu na zona rural mineira. Suas narrativas dialogam com suas vivências
na roça e, por isso, estão ligadas a questões da vida e do campo. Os personagens são inspirados na realidade
brasileira e no cotidiano das populações rurais, o que torna o livro não só
essencialmente brasileiro, como realista.
Filho de lavradores, assim
como Zezinho, Jair tirou de suas próprias vivências o material que inspirou a
história, por isso a sua narrativa é repleta de sensibilidade e delicadeza e
todos os cenários, linguagem, costumes e temas são realistas. Zezinho poderia
ser o alter ego da criança que Jair
foi na infância: uma criança travessa, mas sensível e inocente, muito ligada
aos animais e corajosa no sentido de defender as criaturas por quem tem
estima..
O enredo do livro é simples, mas
sensível, delicado e profundo. Como educador que exerceu o magistério, Jair demonstra, em uma linguagem muito
simples, que a melhor educação é aquela feita com diálogo e sem violência. Educação e amor são as temáticas
principais do livro.
Narrado em terceira pessoa e
seguindo um tempo cronológico, é um livro de escrita limpa, sem muitos recursos
estilísticos que viessem a complicar a compreensão.
Os diálogos e mesmo a narração
aproveitam da linguagem simples do interior explorando muitos vocábulos
regionais de uma linguagem popular que é mais próxima da realidade daquelas
pessoas. Isso garante o realismo e a verossimilhança da narrativa. Em sua
escrita, Jair ainda mistura os pensamentos de Zezinho às falas do narrador ao
ponto de narração, comentários e pensamentos virarem uma coisa só, numa forma
de narração confortável e gostosa que flui tranquilamente e instiga a leitura.
As ilustrações de Cirto
Genaro são bonitas e delicadas feitas com técnicas na ponta de lápis com
delicadeza e realismo.
O desfecho é tocante e não desagrada, mas é um pouco
abrupto e apressado. Mas
independentemente de ter sido apressado e não desenvolver plenamente uma das
cenas mais tocantes da história, ele entrega a narrativa deixando um
questionamento sobre crescimento, amadurecimento e determinação, ressaltando
até mesmo em suas últimas linhas o caráter pedagógico do livro.
A história de Zezinho não é minha preferida dentro da
Coleção Vaga-lume, mas está entre os livros que mais admiro por ser muito bem
escrito e trabalhado com carinho pelo seu escritor. É perceptível pela escrita
de Jair o carinho e docilidade com o qual ele compôs sua narrativa e
personagens, transformando uma historinha simples e até banal em um livro
bonito e delicado, que busca ensinar seus leitores através de personagens
cativantes e sem perder o realismo ou tornar-se por demasia infantil.
Confira a resenha completa no blog: https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/10/colecao-vaga-lume-zezinho-o-dono-da.html
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