Zezinho, o dono da Porquinha Preta - Resenha Resumida


Resenhista: Eric Silva, do blog Conhecer Tudo.

Zezinho, o dono da Porquinha Preta é uma novela infantojuvenil do escritor mineiro Jair Vitória. Nesse livro Jair narra as aventuras de um menino do campo, Zezinho, na sua luta para impedir que seu pai, um homem rústico e turrão, venda sua porquinha de estimação para um dos lavradores vizinhos.

Jair Vitória é um escritor que cresceu na zona rural mineira. Suas narrativas dialogam com suas vivências na roça e, por isso, estão ligadas a questões da vida e do campo. Os personagens são inspirados na realidade brasileira e no cotidiano das populações rurais, o que torna o livro não só essencialmente brasileiro, como realista.

Filho de lavradores, assim como Zezinho, Jair tirou de suas próprias vivências o material que inspirou a história, por isso a sua narrativa é repleta de sensibilidade e delicadeza e todos os cenários, linguagem, costumes e temas são realistas. Zezinho poderia ser o alter ego da criança que Jair foi na infância: uma criança travessa, mas sensível e inocente, muito ligada aos animais e corajosa no sentido de defender as criaturas por quem tem estima..

O enredo do livro é simples, mas sensível, delicado e profundo. Como educador que exerceu o magistério, Jair demonstra, em uma linguagem muito simples, que a melhor educação é aquela feita com diálogo e sem violência. Educação e amor são as temáticas principais do livro.

Narrado em terceira pessoa e seguindo um tempo cronológico, é um livro de escrita limpa, sem muitos recursos estilísticos que viessem a complicar a compreensão.

Os diálogos e mesmo a narração aproveitam da linguagem simples do interior explorando muitos vocábulos regionais de uma linguagem popular que é mais próxima da realidade daquelas pessoas. Isso garante o realismo e a verossimilhança da narrativa. Em sua escrita, Jair ainda mistura os pensamentos de Zezinho às falas do narrador ao ponto de narração, comentários e pensamentos virarem uma coisa só, numa forma de narração confortável e gostosa que flui tranquilamente e instiga a leitura.

As ilustrações de Cirto Genaro são bonitas e delicadas feitas com técnicas na ponta de lápis com delicadeza e realismo.

O desfecho é tocante e não desagrada, mas é um pouco abrupto e apressado. Mas independentemente de ter sido apressado e não desenvolver plenamente uma das cenas mais tocantes da história, ele entrega a narrativa deixando um questionamento sobre crescimento, amadurecimento e determinação, ressaltando até mesmo em suas últimas linhas o caráter pedagógico do livro.

A história de Zezinho não é minha preferida dentro da Coleção Vaga-lume, mas está entre os livros que mais admiro por ser muito bem escrito e trabalhado com carinho pelo seu escritor. É perceptível pela escrita de Jair o carinho e docilidade com o qual ele compôs sua narrativa e personagens, transformando uma historinha simples e até banal em um livro bonito e delicado, que busca ensinar seus leitores através de personagens cativantes e sem perder o realismo ou tornar-se por demasia infantil.




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