Resenhista: Eric Silva, do blog Conhecer Tudo.
3º livro da Campanha Anual de
Literatura do Conhecer Tudo (#AnoDoJapão), Battle Royale, livro de Koushun Takami, se passa em um Japão totalitarista.
Nesse país sem liberdade e de grande coerção social, todos os anos uma turma de
estudantes era forçada a participar do Programa nº 68. Sigilosamente o grupo
era mandado para um local secreto, onde eram obrigados a participar de um jogo
mortal de sobrevivência. No ano de 1997, foi
a vez da turma B do 9º ano da Escola de Ensino Fundamental Shiroiwa ser
levada a uma pequena ilha isolada, onde seus
42 alunos são forçados a lutarem até que apenas um “vencedor” sobreviva.
Fonte de inspiração para jogos eletrônicos, Takami escreve uma distopia de terror que
chamaria a atenção do país, causando polêmica por seu conteúdo e pelas
acusações de plágio feitas a Suzanne Collins, autora de Jogos Vorazes, por
conta das semelhanças contundentes que a série da autora apresentava em relação
a obra japonesa escrita dez anos antes.
É uma história com um enredo
forte, controverso, brutal, polêmico e cinematográfico que
descortina muitos aspectos da adolescência, além de abordar a brutalidade e a
insanidade da lógica dos sistemas totalitários. Com 78 capítulos é um tomo enorme (664 págs.). O número
de personagens também é significativo, mas com desenhos psicológicos
cuidadosamente desenhados. Além disso, ostenta uma escrita bastante dinâmica,
instigante e bem estruturada. Há um
cuidado grande na descrição do psicológico, das ações, dos pensamentos e do
passado dos personagens, e o autor não se esquece de analisar a conjuntura
social, histórica e política daquele país, impedindo que a trama se tornasse
superficial.
A narração é outro ponto de
destaque por se misturar aos pensamentos dos personagens sem que a leitura se
torne confusa ou cansativa. O que me cansou na história foi o grande número de
pares românticos que acabou tirando parte de sua originalidade. O desfecho é um pouco em aberto, mas inteligente
e coerente para uma trama marcada pela luta pela sobrevivência e contra o despotismo
de um governo totalitário.
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